Já observou que, desde crianças, fomos treinados para nos virar sozinhos? Os que cuidavam de nós nos ajudaram a andar, a falar, a vestir e a todo o resto e, depois, quando já sabíamos, a cada dia, tudo foi ficando mais por nossa conta, até conseguirmos realizar as muitas tarefas do cotidiano sem ajuda e, enfim, nos sentirmos o máximo, porque já não precisávamos de ninguém. Não foi assim? Para nós, soaram maravilhosas as palavras “liberdade”, “independência” e ”autonomia”!
Assim temos vivido: livres, independentes e autônomos. Acreditamos que não precisamos de ninguém. Nem mesmo de Deus. Tudo é, então, fruto do nosso esforço e talento pessoal. Mas eu pergunto: será mesmo que é? Será que já não é possível enxergar que as pessoas que estão ao nosso lado são apoios necessários? E nem que Deus caminha conosco e faz de nós indivíduos melhores?
Percebo que só é possível experimentar uma verdadeira liberdade a partir do momento em que temos a coragem de entregar a vida nas mãos de Deus e, assim, nos reconhecermos dependentes dele ao ponto de querermos ser guiados pelo Espírito Santo. É isso mesmo! Tudo muito contraditório, à primeira vista... Talvez você esteja aí se perguntando como é possível ser livre ao se fazer dependente de Deus... Eu explico: o Senhor sabe o que é o melhor para a minha vida e — se eu dou livre acesso a Ele, para que aja a partir do meu interior — o Espírito Santo ajuda a trazer para fora o meu “eu” mais autêntico e autônomo, aquele que revela a imagem e semelhança de Deus que há em mim. Isso é lindo!
A quaresma é o tempo litúrgico próprio para isso: somos convidados a reconhecer que precisamos de Deus e uns dos outros. Por isso rezamos pedindo a conversão do coração. O jejum, a confissão, a oração e a esmola são práticas que nos voltam para Deus e para os irmãos e, assim, rompem com nosso egoísmo e nos preparam para acolhermos Jesus, como nosso Salvador. Na páscoa, vamos abraçar a vida nova que Ele nos traz. É o que eu mais quero! E você?#vamoemfrente!
