Por Nice Affonso
No último sábado, 25 de abril, a Arquidiocese do Rio de Janeiro, em parceria com a Secretaria de Estado de Saúde, iluminou com a cor verde o Monumento ao Cristo Redentor — para alertar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos —, em atenção ao lançamento da campanha Doe+Vida, promovida pelo Programa Estadual de Transplantes (PET). A partir de agora, por meio do site www.doemaisvida.com.br, será possível se cadastrar para se declarar doador de órgãos e tecidos e ainda buscar informações e esclarecer dúvidas sobre o tema.
O evento no alto do Corcovado contou com a participação do grupo Bando de Palhaços, que, de forma simples e divertida, promoveu a interação com as pessoas presentes, ao som de paródias de marchinhas que incentivavam a doação de órgãos. A canção popular "Taí"(Pra Você Gostar de Mim), por exemplo, ganhou a frase "Você tem, você tem, que doar seu coração".Houve ainda a distribuição de folhetos explicativos sobre a campanha Doe+Vida e a divulgação do site para cadastro e impressão do cartão virtual, que deixa um registro para os familiares sobre a real vontade do paciente.
Para o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar Raposo, doar órgãos é, acima de tudo, um gesto de amor:
— O maior exemplo de doação e amor foi o próprio Redentor. Ele doou todos os seus órgãos, todo o seu corpo, a sua vida por amor à humanidade! Que Ele nos inspire a sermos também doadores de vida, desejou.
Graças ao trabalho do PET, criado em abril de 2010, o estado do Rio de Janeiro é o segundo no ranking de transplantes do país, com o registro de mais de 5,2 mil vidas salvas. No entanto, a dificuldade para conseguir órgãos ainda é muito grande, porque, embora a legislação brasileira determine que somente familiares diretos podem autorizar a doação, em casos de morte encefálica, a negativa continua sendo o principal empecilho para a realização de transplantes: quase 50% das famílias não autorizam o procedimento. Entre os motivos mais comuns para a não autorização estão a falta de consenso entre os parentes, que, muitas vezes, desconhecem qual seria a vontade do paciente, e também a falta de compreensão de que a morte encefálica é um diagnóstico irreversível.
— Expressar a vontade de ser doador é a melhor forma de garantir que as famílias saibam o que as pessoas pensam. É uma dor enorme quando alguém do nosso sangue morre porque o órgão necessário não chegou a tempo... Se as famílias souberem a vontade que as pessoas têm de ser doadoras, certamente muitas vidas serão salvas, lembrou Rosimere da Silva, viúva de alguém que não sobreviveu à espera de um coração.
A primeira-dama do Estado e presidente de honra do RioSolidario, Maria Lúcia Horta Jardim, esteve presente ao evento e falou sobre a importância de sensibilizar as pessoas sobre o tema:
- Eu tenho um irmão transplantado e sei como essa campanha é importante. Normalmente, a gente só pensa nisso quando precisa. Através dessa campanha, a gente busca salvar vidas. Abraço esta causa com muito carinho, ressaltou.
O secretário de Estado de Saúde, Felipe Peixoto, destacou o avanço do Rio de Janeiro nos últimos anos e garantiu que o trabalho será ampliado:
— Queremos o Rio de Janeiro na liderança da realização de transplantes no país. Nada mais justo para o estado que foi pioneiro neste procedimento no Brasil. Pretendemos ampliar ainda mais a atuação do PET. É preciso que a sociedade abrace a causa, esclareça suas dúvidas e que o assunto seja conversado entre as famílias, afirmou.
* Fotos: Maurício Bazílio