Estudamos e trabalhamos, sempre visando “um futuro melhor” — é o que todos nós costumamos dizer... Mas no que, de fato, consiste esse bom amanhã que nos esforçamos por construir? Sem sombra de dúvidas, ao falar assim, geralmente, estamos pensando em seguir uma profissão que proporcione a conquista de um bom emprego, com um salário acima da média, para termos uma vida confortável e mais tranquila, não é verdade? Há algum problema nisso? Não! De jeito nenhum! O problema só passa a existir quando fazemos disso o centro da nossa vida, porque corremos o risco de deixar a ganância nos vencer e tirar o nosso foco do que é o mais importante. Jesus, no evangelho deste domingo, quer nos alertar a esse respeito:
“Atenção! Tomai cuidado contra todo tipo de ganância, porque, mesmo que alguém tenha muitas coisas, a vida de um homem não consiste na abundância de bens”. (Lc 12,15)
Há quem se diga viciado em trabalho e viva em função dele, esquecendo das outras dimensões da vida. Há também aquele que se sinta sufocado pelas muitas despesas da família e ache que o fundamental é trabalhar para aumentar sua renda. Ambos, independente do motivo que tenham, vão, paulatinamente, perdendo o foco do seu existir. Querem ter cada vez mais: seja status, poder, dinheiro ou bens... E esquecem que muito mais importante do que ter é ser: ser autênticos filhos de Deus! Assumir essa identidade a cada momento da nossa vida, diante de qualquer circunstância, para então agirmos como quem acumula tesouros, não para si, mas para o céu.
Se não vigiarmos podemos passar a vida distraídos: construindo coisas, juntando riquezas para nós mesmos; e sermos, assim, absolutamente pobres diante de Deus... Nosso foco não pode estar em nosso existir, porque isso nos cega, nos fecha em nosso mundinho pessoal — o que impede de ser ricos diante do Senhor!
Precisamos romper com a nossa própria expectativa de querer ter mais do que ser. É quem somos que nos ajuda a ser centrados, apesar do que temos. E o inverso não acontece.