Por Nice Affonso
Há 35 anos atrás, o então Papa João Paulo II chegava pela primeira vez ao Brasil. Sua visita ao País, em 1980, levou uma multidão de mais de 4,5 milhões de católicos e não católicos às ruas. De 30 de junho, quando chegou a Brasília — onde realizou o gesto célebre de ajoelhar-se e beijar o chão saudando a terra que acabava de pisar —, até 11 de julho, o Santo Padre passou por Belo Horizonte (MG), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Aparecida (SP), Porto Alegre (RS), Curitiba (PR), Manaus (AM), Recife (PE), Salvador (BA), Belém do Pará (PA), Teresina (PI) e Fortaleza (CE).
Sem dúvida, um dos momentos mais marcantes daquela viagem de quase duas semanas pelo País foi a sua oração realizada no alto do Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, no dia 2 de julho de 1980:
“Cristo, o único que nos pode salvar e que tem um particular direito de cidadania na história do homem e da humanidade. Redentor, os braços abertos abraçam a cidade aos seus pés! Feita de luz e cor e, ao mesmo tempo, de sombras e escuridão, a cidade é vida e alegria, mas é também uma teia de aflições e sofrimentos, de violência e desamor, de ódio, de mal e de pecado. Radioso à luz do sol, silhueta luminosa suspensa no ar à noite, o Redentor, em pregação muda mas eloquente, aqui continua a proclamar que “Deus é luz”, “é amor”. Um amor maior do que o pecado, do que a fraqueza e do que a “caducidade do que foi criado”. Mais forte do que a morte.
Símbolo do amor, apelo à reconciliação e convite à fraternidade, o Cristo Redentor, aqui, proclama continuamente a força da verdade sobre o homem e sobre o mundo, da verdade contida no mistério da sua Encarnação e Redenção”.
Cumprindo uma agenda missionária extensa e intensa, o Santo Padre também esteve com o presidente João Batista Figueiredo, em Brasília; beatificou o jesuíta José de Anchieta, que chegou ao País em 1553 para catequizar seus habitantes; participou do X Congresso Eucarístico Nacional, em Fortaleza; subiu ao Vidigal, no Rio de Janeiro; saudou a Virgem, em Aparecida; lotou estádios; encontrou-se com presidiários, índios, operários e imigrantes.
Antes mesmo de chegar ao Brasil, João Paulo II já havia enviado uma mensagem saudando a Igreja local e seus Pastores, governantes e responsáveis pelo bem comum. Assim como às famílias, aos jovens, às crianças e aos que sofrem. Falava sobre o seu grande afeto pelo povo brasileiro e sobre seu desejo profundo de proclamar o Evangelho contribuindo para a consolidação da fé cristã.
O Santo, que cumprindo sua missão de pastorear a Igreja de Cristo, esteve pela primeira vez em terras brasileiras há 35 anos atrás, veio à esta nação como profeta de Cristo para anunciar o Evangelho da Vida e denunciar tudo aquilo que ferisse a dignidade humana no Brasil. Seu principal convite a todos foi o de trilhar as sendas da justiça e da misericórdia para a superação dos flagelos que atingem o País.
*Foto: L'osservatore Romano