* Por Nice Affonso
Cariocas e peregrinos de várias partes do mundo lotaram o platô do Santuário Cristo Redentor para a celebração dos 85 anos do Monumento, na última quarta-feira, dia 12. A festa — ampliada ainda mais por a data ser também de comemoração pelo Dia das Crianças e de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil — contou com Vigília da Juventude, durante a madrugada, benção do Arcebispo do Rio de Janeiro, concerto da Orquestra Sibélius e Coro Preto, missa em ação de graças, animação da Banda da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca (Sarca) e com o tradicional bolo.
— É lindo perceber que o Monumento é, hoje, um símbolo dos sentimentos de fé dos brasileiros natos e dos de coração. Ele também une pessoas de todas as nacionalidades, que acreditam na força da bondade e do amor para a construção de um mundo melhor. Por tudo isso, o Cristo Redentor, que faz parte não apenas do cenário carioca, mas da história de todos nós, merece ser celebrado, destaca o reitor do Santuário, Padre Omar Raposo.
A festa teve início com a vigília, que, durante a madrugada, reuniu jovens de toda a Arquidiocese, na capela nossa Senhora Aparecida, no alto do Corcovado. Ao amanhecer, o Arcebispo Metropolitano, Cardeal Dom Orani João Tempesta, antes da benção, lembrou que a ocasião é oportuna para agradecer e também para pedir:
— É tempo de agradecimento, de louvarmos ao Senhor por todos os que trabalharam e contribuíram para a construção do Cristo Redentor, e, ao mesmo tempo, de pedir que esse sinal, colocado no alto do Corcovado, continue inspirando, aqui no Rio, no Brasil e no mundo, boas coisas aos corações de cada um, para que as pessoas se recordem de que podem fazer o bem e estar de braços abertos para acolher umas às outras. Que ao olharmos o panorama, aqui do alto, possamos ver que o mundo merece que colaboremos para que ele seja cada vez melhor, destacou o Cardeal.
Em seguida, sob a animação da Banda da Sociedade dos Amigos da Rua da Carioca (Sarca), houve o tradicional corte do bolo.
A homenagem mais esperada — o concerto da Orquestra Sibélius e Coro Preto, com suas 85 vozes sul-americanas, sob a regência do maestro Emerson Rosa Lima — surpreendeu e emocionou quem estava no alto do Corcovado:
— Que coisa mais linda poder assistir um concerto desses, nesse cenário maravilhoso! O Cristo é o homenageado, mas quem ganhou o presente fomos nós, exultou a paraense Ana Junqueira, que visitava o Corcovado pela primeira vez.
Para tornar o momento-ápice da festividade ainda mais especial, a Orquestra e o Coro ficaram responsáveis pela parte musical da missa em ação de graças, presidida pelo reitor do Santuário, Padre Omar Raposo — completando 12 anos de ordenação sacerdotal —, que encerrou as atividades em atenção à data com a benção aos peregrinos, com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, em vários idiomas.
— Venho ao Cristo Redentor em todos os seus aniversários, para homenageá-lo. Dá orgulho ser carioca e saber que tenho esse símbolo tão lindo, aqui do alto, me abençoando diariamente, partilhou Caio Alves.
— Amo o Cristo Redentor e aqui, debaixo dos seus braços, me sinto protegido e energizado para seguir com a vida, contou o americano Alex McDowell, que visita o Monumento sempre que vem ao Rio de Janeiro.
História do Cristo Redentor
A história do Cristo Redentor teve início com a ideia da construção do Monumento, em 1921, quando a Arquidiocese do Rio de Janeiro promoveu um concurso para a escolha do melhor projeto, em comemoração ao centenário da Independência do Brasil no ano seguinte. O vencedor foi o engenheiro e arquiteto carioca Heitor da Silva Costa, que contou com os talentos do pintor Carlos Oswald e do escultor Paul Landowski, para o desenho e a execução finais da obra. Mas a história popular de amor pelo Monumento teve início com a sua construção, iniciada em 1926, quando todo o povo brasileiro se mobilizou com doações para erguê-lo.
Inaugurado no dia 12 de outubro de 1931, o Cristo Redentor se tornou uma maravilha da arquitetura, já que, com 30 metros de altura, ganhou expressividade única! O trabalho minucioso comportou revestimento formado por pedra-sabão, com cada peça fixada com cola em pedaços de pano, que, em seguida, foram presos com argamassa e rejuntados, formando um mosaico. A obra, que deixa ver não só os traços do rosto e da vestimenta, mas também um coração em alto-relevo, se tornou merecedora da devoção popular também pela riqueza de detalhes religiosos: o Monumento, que além de um ponto turístico é também Santuário desde 2006, representa uma cruz e, ao mesmo tempo, o Cristo Ressuscitado, de braços abertos, com seu singelo coração, que simboliza o amor de Deus.
* Fotos: Nice Affonso