Cristo Redentor contra a pena de morte

* Por Nice Affonso

O monumento ao Cristo Redentor recebeu iluminação amarela, no último domingo, 30 de novembro, em atenção à campanha “Cidade pela vida, contra a pena de morte”. Foi a primeira vez que a ação — que já está na sua13ª edição e envolve 79 capitais em mobilizações, com marchas, espetáculos e assembleias públicas em escolas — aconteceu no alto do Corcovado.

— O Santuário Cristo Redentor sempre abraça as campanhas sociais a favor da vida. A vida é um bem supremo. Não podemos aceitar que um crime — porque tirar a vida de alguém é crime! — justifique outros, como no caso da pena de morte, afirma o reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar Raposo.

O dia de visibilidade da campanha acontece, anualmente, por todo o mundo, na data em que houve a primeira abolição da pena capital, em “Granducato di Toscana”, no ano de 1786. A proposta do trabalho é afirmar que a pena de morte é a “síntese de muitas violações dos direitos humanos, representando uma forma de tortura mental dos condenados, contradizendo uma visão reabilitativa da justiça, reduzindo toda a sociedade civil ao nível daqueles que matam, legitimando uma cultura de morte para o nível mais elevado, por parte do Estado, enquanto afirma que quer defender a vida humana e ataca desproporcionalmente minorias políticas, étnicas, religiosas e sociais, humilhando toda a sociedade”.

A Comunidade de Santo Egídio

A Comunidade de Santo Egídio nasceu em 1968 em Roma, Itália, nas escolas secundárias da cidade, por iniciativa de um estudante de 18 anos, Andrea Riccardi. Evangelho, amizade, pobres, e compromisso com a justiça são os fundamentos do início e da vida normal de mais de 60 mil membros, numa base voluntária, em 73 países, ao lado dos mais desfavorecidos, em diálogo com todos, crentes e não crentes. 

A luta da Comunidade de Santo Egídio contra a pena de morte ganhou força no ano de 1998, quando promoveu um apelo universal pelo fim da pena de morte e recolheu mais de cinco milhões de assinaturas em 153 países do mundo e criou compromisso moral, interreligioso e laico mundial. Esse apelo foi entregue às Nações Unidas, na vigília da votação da Resolução 62/149 da Assembléia Geral sobre a recusa à pena de morte como meio de justiça (2007).

Ao longo dos anos, Sant’Egidio e Andrea Riccardi receberam vários Prémios: Niwano pela Paz, UNESCO pela Paz, o Prêmio Balzan pela Paz e, em 2009, receberam também o Prêmio Internacional Carlos Magno.

* Foto: J. Lucena