* Renato Saraiva
Tolerância. Uma palavra que é muito utilizada nos dias atuais, porém
pouco praticada, sobretudo em relação à fé. Esse fato foi lembrado nesse
domingo, 6 de agosto, na cerimônia do Dia Internacional de Oração pelos
Cristãos Perseguidos, no Santuário Cristo Redentor, com a presença do
arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta.
Integrantes da
Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre recordaram as perseguições
aos cristãos em todo o mundo. Segundo dados da ACN, no último ano houve
um crescimento do número de cristãos mortos nos países da África.
"Os
números cresceram muito. Há dois fatos: números que a gente consegue e
dados que a gente não consegue. Porque 80% das informações saem das
ONGs, da sociedade civil. Se o governo é favorável ao estado islâmico,
ele não pode divulgar esse dado. Se divulgarem, correm risco de morte. A
maior parte dos cristãos são mortos por pessoas próximas a eles e no
anonimato", destacou Moussa Diabaté, voluntário de acolhimento da
Cáritas.
Moussa Diabaté é refugiado nativo do norte do Mali, na
África Subsaariana. No evento, ele lembrou das várias perseguições que
sofreu no país e do preconceito que ainda sofre hoje no dia a dia por
causa dos costumes e trajes. Hoje, como professor em arte e história da
cultura, ele acredita que a mudança pode começar pela educação e
reflexão de cada pessoa sobre a importância do respeito aos valores e
crenças dos povos. "É pessoal. A intolerância não pode ser combatida de
maneira coletiva. É a consciência que cada ser humano precisa ter,
sabendo que o ouro não é meu inimigo, independente da religião dele.
Cada um deve respeitar e reconhecer o outro. Temos que amar o nosso
próximo como a nós mesmos, como Cristo ensina. Essa é a solução", disse.
O
arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, lembrou a importância
dos trabalhos da Igreja Católica no acolhimento aos cristãos
perseguidos. "Nós temos no Rio a Cáritas que já tem um bom trabalho há
muitos anos com os refugiados, pessoas perseguidas pelo mundo afora. Eu
creio que o acolhimento é essencial. Ao mesmo tempo, olharmos tantas
situações de irmãos nossos que, por serem cristãos, das diversas
denominações, sofrem perseguições, são expulsos das suas terras e casas.
Nós queremos ver um mundo diferente e rezar para que seja cada vez mais
justo, humano e fraterno. Que todos tenham o direito de professar sua
fé e pensar com liberdade sua vida, convivendo em paz uns com os outros.
Que esses ideias possam nortear nossas orações, principalmente nesse
dia em que lembramos que mais de 100 mil cristãos da província de
Nínive, em 2014, foram expulsos das suas casas da noite para o dia",
lembrou.
Com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil, a data reuniu em oração as paróquias do país, com o intuito de
promover e convidar as pessoas a participarem dessa corrente mundial a
favor dos cristãos que sofrem perseguição religiosa.// O monumento ao
Cristo Redentor foi iluminado de vermelho ao final da cerimônia,
simbolizando o sangue dos mártires atuais.
*Fotos: J. Lucena