*Por Nice Affonso
— Réplica do Monumento em Bangu —
A manhã do último sábado, 29 de julho, foi bastante especial para os moradores de Bangu e adjacências: a réplica do Cristo Redentor chegou ao bairro. Para recepcioná-la, um bonito ato de boas-vindas uniu cultura e fé, em prol da construção de uma corrente do bem, promotora da paz na Cidade do Rio de Janeiro. A ocasião proporcionou reflexão, oração e muito samba no pé, com a participação de integrantes da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, na Praça da Fé, ao lado da Igreja São Sebastião e Santa Cecília.
O Vigário Episcopal para Comunicação e Cultura da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Cônego Marcos William Bernardo, contextualizou a itinerância da réplica neste momento em que a sociedade enfrenta grave crise:
— O objetivo da itinerância do Cristo Redentor é a devolução de um grande Monumento, conhecido internacionalmente, ao povo. O Cristo sempre foi do povo. O monumento ao Cristo Redentor foi construído com os recursos provenientes da gente, povo do Rio de Janeiro e de todo o Brasil, incluindo os índios, que mandavam para cá pepitas de ouro, para que pudessem ser revertidas em dinheiro, e, assim, o Monumento pôde ser erigido em 1931. E esse movimento de itinerância do Cristo traz consigo uma espécie de incentivo à esperança. Passamos por momentos terríveis em nossa cidade, sob todos os aspectos. Parece bater no nosso coração a desesperança. Alguns chegam a dizer que é o fim do mundo... Ainda não é, não. Porém, o sentimento que fica em nós é esse. Por isso, o Cristo sai ao encontro das pessoas, de braços abertos, para abraçar, acolher, dizer à população: vamos em frente! Passamos por momentos difíceis, mas vamos superar. Assim, pedimos ao Senhor Deus que nos abençoe e ouça a nossa oração. Que esta presença da réplica do Cristo Redentor continue a aumentar esta corrente do bem, esta corrente de paz, que precisa acontecer entre nós. Não nos sintamos prisioneiros do medo. Tenhamos coragem. Com prudência, mas tenhamos coragem! Dias melhores hão de chegar e vão chegar porque Deus quer! Porque nós temos o Cristo por nós. E nós, cariocas, podemos bater no peito e dizer: o Cristo Redentor está olhando por nós, lá de cima, do Corcovado e, agora, também no nosso bairro. Ele está aqui para abalar Bangu! Que Ele abale Bangu! Que Ele mostre que o povo de Bangu é um povo querido, acolhedor, feliz, e que traz traços que constituem a bela fisionomia do nosso povo carioca e, por que não dizer?, do nosso povo brasileiro, destacou.
Para o Vigário Episcopal do Vicariato Oeste e pároco da Igreja São Sebastião e Santa Cecília, Padre Felipe Lima, a democratização do Cristo Redentor abre espaço para que muitas pessoas façam uma experiência de fé e cultura diante da réplica:
— Sem dúvida, é uma oportunidade única para o povo de Bangu e das redondezas do nosso bairro, poder contemplar esta réplica; uma vez que, como disse o Cônego Marcos, essa imagem foi feita para o povo. E quantos não têm a oportunidade de poder visitá-la? Certamente, para as crianças, os jovens, os adultos, será uma oportunidade não só de participar dessa realidade cultural, mas também de uma expressão de fé. A nossa comunidade se alegra por ter na nossa praça a réplica dessa imagem, e, ao longo dessa semana, a gente vai poder aproveitar para rezar pela paz reunindo o povo em torno dela, já que essa é a principal razão pela qual ela vem visitar os nossos bairros, contou o sacerdote.
A apresentação da Escola de Samba Mocidade Independente de Padre Miguel, representada por sua bateria, ritmistas e passistas, foi a primeira das muitas manifestações culturais que serão apresentadas diante da réplica, já que faz parte do projeto de itinerância do Cristo Redentor acolher todas as manifestações socioculturais de nosso povo, para deixar claro que, conforme as palavras do Cônego Marcos William, “não há contradição entre cultura e religião”:
— Passamos, ultimamente, por um momento desagradável de relativização de algo que é essencial para a nossa cultura, faz parte do nosso sangue, do nosso DNA: ter o gingado do samba. Isso é nosso! É nossa cultura! (...) E o Cristo Redentor está aqui para dizer: Ele gosta de samba. O Cristo Redentor é Aquele que olha por nós, olha por nossa cultura, afirmou o Vigário Episcopal para Comunicação Social e Cultura.
— A réplica do Cristo Redentor vir até nós é algo importante pelo momento atual da Cidade. Religião é fundamental para a nossa vida, a gente não caminha sem isso. Mas a gente precisa saber unir tudo, e não dividir. A Igreja Católica sempre teve uma fundamental importância dentro da cultura do Rio de Janeiro, sem nenhum tipo de intolerância. Então, esse momento de a Mocidade estar aqui sambando diante do Cristo é muito importante para nós, disse Marco Marino, diretor de carnaval da Mocidade Independente de Padre Miguel.
O Cristo Redentor, na Praça da Fé, chamou a atenção não só de quem passava a pé ou de bicicleta pelo local, mas também de quem estava de carro e fez questão de parar para tirar fotos com a família e com amigos. Andréia Regina Santos de Andrade, mãe das gêmeas de 7 anos, Sophia e Maria Eduarda Andrade Rodrigues foi uma das pessoas que se encantou com a réplica:
— A réplica é linda! Eu passei de carro e parei, porque elas não conheciam o Cristo Redentor e eu não podia deixar de proporcionar esta oportunidade para as minhas filhas, comemorou.
As meninas também amaram ter este contato com o Redentor:
— Eu gostei do Cristo Redentor porque Ele é bem grandão, disse Sophia, sem nem poder imaginar o tamanho do Cristo Redentor original.
— E eu porque Ele fica de braços abertos, completou Maria Eduarda.
A réplica do Cristo Redentor fica em Bangu até a próxima sexta-feira, 4 de agosto, pela manhã. Todos os que desejarem podem tirar fotos, rezar e se expressar de diversas maneiras diante da representação do Redentor, que está visitando os bairros visando a promoção de uma corrente do bem, pela paz no Rio de Janeiro.
*Fotos: Nice Affonso e Victor Gonzalez