Paz: o presente que cada um pode dar ao Rio de Janeiro

* Por Nice Affonso

        Na festa dos 453 anos de fundação do Rio de Janeiro, na última quinta-feira, 1º de março, o Santuário Cristo Redentor recebeu o prefeito Marcelo Crivella, o Arcebispo Metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, e autoridades políticas e religiosas para um momento de oração pela paz na Cidade Maravilhosa. 

        O reitor do Santuário Cristo Redentor, Padre Omar Raposo, abriu o ato inter-religioso destacando que a ocasião entra para a história como um momento especial de oração e de paz pelo Rio de Janeiro.

        O prefeito Marcelo Crivella lembrou que não são as coisas ruins que devem sobressair ao comemorarmos este aniversário:

        — Neste aniversário, nós temos coisas que não devemos guardar: a violência, a tristeza de ver pessoas morrendo por balas perdidas, muitos escândalos e desalentos na vida pública... Agora, na hora de celebrar o nosso aniversário, nós não podemos deixar que isso prevaleça. Pelo contrário, a fé dos mártires, que aqui escreveram páginas extraordinárias no início dessa cidade, é o que hoje celebramos. Pedimos ao Espírito Santo que nos ilumine, nos guie. (...) Como prefeito, quero pedir a Deus, ao Senhor Jesus e ao Espírito Santo que conduzam a nossa cidade a dias melhores. Todos nós temos o dever de continuar com os olhos erguidos aos horizontes infinitos dessa terra tão linda, que Deus nos deu, para rasgar neles a perspectiva iluminada e gloriosa do nosso destino, que não é ser a cidade do crime organizado e nem dos desalentos da vida pública. Nós somos o Rio de Janeiro, de encantos mil, e a cidade mais linda do Brasil, comemorou.

        O Monge Cardoso, representante do Budismo, citou as dificuldades que o Rio de Janeiro enfrenta, no momento, mencionando a necessidade da intervenção das forças armadas, mas afirmou crer que, com fé, é possível reverter essa situação:

        — É uma satisfação grande estar aqui, diante do Cristo e de todos, para afirmar que nós, budistas, queremos ver este estado, esta cidade, com a paz reinando. É preciso que nós nos unamos para que possamos, através da nossa fé e do nosso sentimento de união, fazer com que a paz seja uma realidade na vida de cada cidadão, desejou.

        — Às vezes, a gente fica esperando que a paz caia do céu, mas nós acreditamos que a paz é uma construção íntima e coletiva. É necessário que cada cidadão se conscientize de que a paz depende da ação cotidiana de cada um de nós. É claro que precisamos do apoio de Jesus para dar prosseguimento a esta ação de paz, mas é muito importante esta consciência de que a nossa vida deve ser uma ação de paz, lembrou o representante do Kardecismo, Adriano Almeida.

        O Sheik Adam Muhamed, representante muçulmano, fez memória ao prefeito de sua responsabilidade em fazer com que a cidade volte a ter valores morais e éticos, já que, segundo ele, a mudança partirá “de nós mesmos”.

        — Hoje em dia, sentimos tristeza ao ver que valores morais e éticos vão se perdendo. A nossa sociedade cada vez mais vai perdendo aquilo que constrói o seu bem-estar. O que temos, agora, é um desafio: cabe a cada um de nós fazer o seu papel, exortou.

        Paulo Maltz, representante da Federação Israelita, destacou a presença da comunidade judaica no Rio de Janeiro, desde a sua fundação, e da contribuição para que a cidade siga o caminho da paz, da tranquilidade e da não violência. Lembrou ao prefeito a confiança daqueles que, em meio a tantos sofrimentos e agruras, o elegeram:

        — Certamente o senhor será quem levará esta cidade a melhores dias, a melhores caminhos, acredita.

        O Arcebispo Metropolitano, Cardeal Orani João Tempesta, mostrou que o Redentor, de braços abertos, no alto do Corcovado, é um belo sinal de acolhimento, destacando que o Rio de Janeiro é conhecido também pela beleza do seu povo:

        — Todos conhecem o Rio por sua beleza natural, mas também pela beleza do seu povo, que tem um pouco esse espírito de São Sebastião, que pode levar flechadas e se levanta e segue fazendo o bem: essa é a beleza do povo do Rio de Janeiro, que luta, que trabalha no dia a dia. Sabemos que nem tudo são flores e, por isso mesmo, é que aqui estamos para poder contagiar com o bem. Além de confiarmos nas autoridades, para que possam cumprir sua missão em todos os aspectos sociais e políticos, para que haja segurança, saúde, educação - tudo o que é bom e preciso para a cidade e as pessoas. Mas no dia de hoje, todos nós somos chamados a dar um grande presente para a nossa cidade, que é cultivarmos em nosso coração a cultura da paz. Em família, com o vizinho, na escola, no trabalho, nas redes sociais, com as pessoas que nos ofendem. Sermos aqueles que não retribuem o mal com o mal, mas o mal com o bem. Os que fazem bem aos outros, perdoam, sabem conviver com o diferente, respeitar e amar o outro e fazer com que o outro se sinta bem, próximo dele também. Creio que esse é o grande presente que a cidade precisa, e nós podemos dar, além de rezarmos pelas autoridades para que cumpram a sua missão. (...) Sabemos que há uma cultura da violência querendo dominar a mente e o coração das pessoas: vingança, ódio, rancor, cada vez mais dificuldades e uns contra os outros, irmãos contra irmãos, mas nós queremos fazer diferente, fazer o que é evangélico: cultivar a cultura da paz, enfatizou.

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* Fotos: Gustavo de Oliveira