Pluralidade marca Encontro Inter-religioso do Pátio dos Encontros

Por Nathalia Cardoso e Raphael Freire - Arqrio


O Cristo Redentor acolheu de braços abertos, na manhã de 7 de abril, o Encontro Inter-religioso do Pátio dos Encontros. A celebração aos pés do Redentor reuniu representantes das religiões muçulmana, pagã, mórmon e do movimento Hare Krishna. O arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta, mostrou, do alto, a cidade ao Cardeal Gianfranco Ravasi, presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, e, em seguida, convidou os turistas e visitantes presentes a participarem do momento de comunhão.

— Este é um local de encontro de todas as religiões, de todas as nacionalidades, de todas as ideias. Pessoas do mundo inteiro passam por aqui, nesse monumento que é símbolo do país e, em forma de cruz, e uma cruz gloriosa, representa o espírito cristão do povo brasileiro, afirmou o anfitrião, Dom Orani.

O Cardeal Ravasi ressaltou a importância do momento como criador de laços entre o Brasil e a Itália e entre a religião católica e as demais. Segundo ele, as colunas de Bernini, que ficam em frente à Basílica de São Pedro, são como dois braços que se abrem, exatamente como os do Cristo Redentor.

— Estes dois símbolos se unem neste momento através de mim. E eu levarei comigo o testemunho deste encontro. A palavra que temos que conservar neste momento é ‘diálogo’. Esta é uma palavra geradora de paz, pontuou o cardeal italiano.

O Pátio dos Encontros incorporou como tema “Ética e transcendência”. Segundo os representantes religiosos, a paz e o respeito, que devem haver não só entre religiões como entre todos os seres humanos, começam pelo diálogo, que leva à ética. O diálogo, por sua vez, ajuda a construir a paz.

— Nesse momento difícil que estamos vivendo, de intolerância, que possamos ensinar a nossos filhos, em nossa família, o respeito a cada ser humano. Quando ensinamos isso, estamos ensinando a paz, incentivou o bispo Hercules Aqulini, Mórmon.

Diálogo na diversidade

O reitor do Santuário do Cristo Redentor, padre Omar Raposo, acolheu a todos carinhosamente:

— Teremos mais um momento histórico em nosso santuário. Hoje os braços abertos do Redentor, de fato, simbolizam esse grande acolhimento que damos a todos em vista de um diálogo profícuo e de um compromisso mais completo com a ética, afirmou o sacerdote.

Os representantes das demais religiões ressaltaram a questão do diálogo como ponte para a paz. 

— A natureza nos oferece a melhor lição: por mais diversos que sejam os seres, todos convivem, se interconectam e formam a complexidade do real e a esplêndida diversidade da vida. Os valores da paz e da harmonia são patrimônios comuns das diversas religiões, explicou o sacerdote Og Sperle, da religião Wicca, um ramo do paganismo. Ele representou no encontro vários segmentos pagãos, tanto nacionais quanto internacionais.

A representante da Sociedade Internacional para a Consciência de Krishna, Raga Blami, contou que é integrante da Comissão para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso e que ajuda a organizar a “Caminhada contra a intolerância religiosa”:

— A intolerância surge devido à ignorância, ao desconhecimento do outro. Nós temos uma diversidade de religiões, e muitas delas são sustentadas por uma filosofia e pela fé. Portanto, o que levamos para as ruas é toda essa diversidade, para que possamos conhecer cada uma delas, disse.

Já o sheikh Adam Muhammad, da Sociedade Beneficente Muçulmana, fez questão de esclarecer que o Estado Islâmico não integra a religião islâmica, uma vez que ela foi criada com base no princípio fundamental que une todas as religiões: a necessidade da construção da paz.

— A paz é um tesouro que cada um de nós poderá cultivar e fazer com que prevaleça. Não existe um Estado islâmico no mundo e, sim, países de maioria muçulmana, esclareceu.

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* Fotos: Gustavo Oliveira