* Por Aline Soares
A apresentação cultural do IV Seminário de Comunicação Social — realizado entre os dias 7 e 10 de novembro, no Centro de Estudos do Sumaré, no Rio Comprido, cujo tema “Ser Igreja na rede: a cultura digital como um recurso” — aconteceu aos pés do Redentor e com a ajuda de um dos melhores meios para se chegar com eficiência à uma mensagem: a música.
O padre Arnaldo Rodrigues, um dos organizadores do IV Seminário de Comunicação Social, foi quem teve a ideia de propiciar aos participantes uma experiência de comunicação por meio da arte, já que a ideia do evento era levar a uma reflexão sobre temas que tangem concretamente o apostolado da Igreja na era digital. Com essa proposta, a Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro foi convidada para encerrar as atividades do encontro, no melhor cenário: o do Parque Nacional da Tijuca, no Santuário Cristo Redentor, cartão-postal da Cidade Maravilhosa, visitado por muitos dos participantes pela primeira vez.
– Achei muito interessante o projeto da Orquestra, por proporcionar aos jovens de regiões de periferia da cidade a possibilidade de ter contato com a música clássica e, a partir dai, ter uma transformação, também, de vida. A comunicação por meio da música não conhece classe social; ela vai transpondo e rompendo todas as barreiras. Meu objetivo era levar aos participantes do seminário a noção do tamanho da transformação que podemos proporcionar com a comunicação por meio da arte. Foi uma oportunidade de unir conhecimento, cultura e lazer em um único encontro, compartilhou o sacerdote.
A Orquestra Sinfônica Jovem do Rio de Janeiro executou clássicos como "Adios Nonino", de Astor Piazzolla e "Carinhoso", de Pixinguinha, sob a direção do maestro Mateus Araújo. Fiorella Solares, fundadora e diretora da Ação Social pela Música no Brasil (ASMB), se declarou honrada em receber o convite para levar a música dos jovens que vieram de comunidades carentes do Rio ao maior santuário a céu aberto do mundo.
– Que coisa melhor que música? Ela é o veículo das emoções, para quando você quer louvar a Deus, quando se está triste, feliz, apaixonado. Temos música em todos os momentos. Sentimo-nos honrados com a presença desta garotada da Orquestra Sinfônica Jovem do Rio. Nosso propósito sempre foi esse: ir às comunidades cariocas, onde as pessoas têm menos acesso, e levar conosco um projeto de portas abertas, disse Fiorella.
O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani Joao Tempesta, testemunhou perante os presentes sua crença no poder da missão da comunicação de levar beleza para os lares e corações das pessoas:
– Infelizmente, há um segmento da comunicação que se propõe a levar coisas extraordinárias e negativas, que muito tem contaminado a nossa missão e o trabalho da imprensa pelo mundo inteiro. A notícia tem feito a pessoa ficar estarrecida e nem sempre a leva ao belo. Portanto, que nós possamos fazer essa comunicação da verdade, da beleza, desejou o Cardeal.
O reitor do Santuário, padre Omar Raposo, relembrou a todos que assim como as paredes e o teto do Santuário, a nossa comunicação tem o poder de nos expandir, da mesma forma que o horizonte e o céu são os únicos limites.
– Hoje, a nossa estada aqui no alto do corcovado, a 110m de altura acima do nível do mar, é de grande significado para a gente poder perceber não somente a grandiosidade na nossa fé, mas também a capacidade da nossa mobilização. Que este encontro de comunicação, que já faz parte do calendário do Brasil, possa continuar a dar seus frutos, com a presença de vocês, e que cada um saia daqui, hoje, com a certeza de que podemos colaborar com a difusão dos valores que acreditamos. A forma vai ser cada vez mais impactante quanto mais nos deixemos encantar. O encantamento do coração é o que muda nossa referência estética, declarou o reitor.
A apresentação se encerrou com uma declaração de amor, em forma de música, dos jovens da Orquestra Sinfônica para Dom Orani, com a execução surpresa da canção “Como é grande o meu amor por você”, de Roberto Carlos. O momento, no alto do Corcovado, trouxe a todos os presentes a certeza de que o Cristo, de braços abertos naquela noite, simboliza os braços abertos ao futuro e às oportunidades, ao diálogo, às diferenças e ao amor.
Sobre a Ação Social pela Música do Brasil
Com a ideia de retribuir toda a boa acolhida que teve no Brasil, a violoncelista Fiorella Solares decidiu concretizar um plano idealizado pelo marido, o maestro David Machado, de ensinar música clássica às crianças de baixa renda.
Batizado de Ação Social pela Música e prestes a completar 23 anos, o projeto leva o universo de violinos, flautas, violas e clarinetes a mais de 800 crianças de 19 comunidades cariocas. Campos dos Goytacazes, município fluminense que foi o berço da história, reúne outros 2500 alunos.
Foi só em 2008, graças à política de pacificação, que Fiorella pôde estender a ação para a capital do estado. A primeira sede foi no Morro Dona Marta. Depois vieram os pontos em Cidade de Deus, Complexo do Alemão e Morro dos Macacos.
As atividades acontecem à tarde, três vezes por semana, com aulas de teoria musical, instrumentos e orquestra. O projeto oferece ainda reforço em matemática e português a quem não tem bom desempenho escolar, além de fornecer cestas básicas às crianças, que estão autorizadas a levar os instrumentos para casa, com o compromisso de se exercitar pelo menos meia hora por dia.
(Fonte: http://www.asmdobrasil.org.br/)
*Fotos: Padre Davi da Cruz Maria