Viva a vida!

Na tarde da última quinta-feira, 2 de agosto, às 15h, o Arcebispo Metropolitano e presidente do Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Cardeal Orani João Tempesta, seus bispos auxiliares e vigários episcopais e o secretário do Leste 1 e bispo de Duque de Caxias, Dom Tarcísio Nascentes dos Santos se colocaram aos pés do Cristo Redentor, no alto do Corcovado, em oração pela defesa da vida no Brasil. Ao mesmo tempo, os sinos de todas as Igrejas do Rio de Janeiro repicaram para alertar a sociedade sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) 442 e a audiência pública, convocada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que vai discutir a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação, entre os dias 3 e 6 deste mês. O Ato, com o apelo: “Escolhe, pois, a vida”, contou com a participação de gestantes assistidas pelo Projeto Ação de Amor do Cristo Redentor, e com a presença da Cantora Karen Keldani, do músico Rodrigo Souza e do Grupo Theatro Gregoriano Estrada Real.

Com o alto do Corcovado sob intensa neblina, chuva e vento, o Cardeal deu início à Oração do Terço da Misericórdia, destacando que “assim como a névoa sobre o Redentor, há uma ameaça que cobre toda a humanidade e também o nosso país, nesse momento em que tantas influências ameaçam a vida daqueles que estão sendo gerados nos ventres das mães, que são inocentes e merecem viver”. E pediu que todos lembrem de que “acima da chuva, das nuvens e da névoa, brilha o sol. E nós somos chamados a ter a certeza de que há momentos de dificuldades, de tristeza, mas que a luz de Cristo brilha sempre, embora nossos olhos não vejam, e vai conduzindo a nossa vida”.

Ao citar que os sinos soavam não só no Rio de Janeiro, mas por todo o Brasil, com a esperança de fazer com que as reivindicações contrárias ao aborto cheguem a Brasília, o Cardeal expressou a importância da participação da Igreja Católica nesse momento histórico:

— Queremos que os sinos que tocam chamem a atenção, neste importante momento da nossa história, em que a Igreja católica está presente, lembrando que existe uma cláusula pétrea na nossa constituição, que é, justamente, sobre a inviolabilidade da vida, que deve ser respeitada e que não pode ser mudada ou reinterpretada. Rezamos para que isso aconteça e para que, cada vez mais, as mulheres que estão gerando vidas tenham toda a dignidade durante toda a sua gestação, para que as crianças possam nascer, desejou.

A cada dezena do Terço da Misericórdia — que teve entre suas intenções os Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, as entidades que lutam pela vida, e as vocações — foi lido um trecho da Mensagem dos Bispos do Regional Leste 1, por ocasião da ADPF 442. 

Após a oração, o bispo auxiliar da Arquidiocese do Rio de Janeiro, Dom Antonio Augusto Dias Duarte, afirmou crer na certeza da vitória pela oração e agradeceu a Deus pela responsabilidade de poder cuidar da vida:

— Acabamos de viver um momento muito especial, em que a nossa oração, chegando ao céu, terá como resultado uma forte e impulsora manifestação em favor da vida. Queremos agradecer a Deus, por nos ter dado essa responsabilidade de cuidar da vida, de quem concebe e gesta a vida, a mulher, e, especialmente, do nosso Brasil, já que o nosso capital mais valioso, a nossa riqueza mais profunda, é o brasileiro. E queremos, hoje, viver novamente esse compromisso de colocar toda a nossa vida em favor da vida, da cultura da vida. E, com certeza, dentro de alguns anos, quem estará aqui, vivendo um momento semelhante a esse, aos pés do Cristo Redentor, serão crianças que foram respeitadas na sua gestação e estarão falando também, como nós falamos, hoje, num grito uníssono: “Viva a vida!”

— Talvez alguém nos pergunte: o que levou vocês a subirem o Corcovado na chuva? Pela vida, nós enfrentamos tudo: o frio, a chuva, a perseguição. Dificuldade alguma nos faria desistir da vida. Também não haveria outro local, se não aos pés do monumento ao Cristo Redentor, que identifica o Rio, o Brasil, que é considerado uma das Sete Maravilhas do Mundo Moderno, pois esse Cristo não tirou, mas deu a vida. Aos pés d’Ele, também rezamos pelo Brasil. Que o nosso país seja, acima de tudo, uma democracia que defende a vida. Um país só cresce garantindo a vida para todos”, acrescentou o bispo auxiliar Dom Joel Portela.

Nesta data, a Igreja também celebrou o Dia do Perdão de Assis, no qual todas as igrejas do mundo recebem a permissão para dar a Indulgência Plenária, conforme o costume. 

O Cardeal manifestou o seu desejo de que todos os fiéis presentes no Santuário Cristo Redentor pudessem também lucrar a Indulgência Plenária, conforme o sonho de São Francisco para essa data, por meio da qual, todos os arrependidos e confessados, recebem um amplo e generoso perdão de Deus, com uma completa remissão de todas as culpas. 

— Pois pessoas perdoadas construirão um mundo de paz e respeito à vida, concluiu Dom Orani.

Durante a oração, os presentes puderam contemplar a imagem de Nossa Senhora dos Anjos, ofertada pela Província dos Frades Capuchinhos.

Gestantes e bebês do Centro Social Nossa Senhora do Parto, assistidos pelo Projeto Ação de Amor do Cristo Redentor, estiveram presentes ao alto do Corcovado para deixarem seus testemunhos de que defender a vida vale a pena.

A dona de casa Fabiana dos Santos, grávida de oito meses, contou ter desistido de abortar a filha, hoje com dois anos, após ser acolhida no Centro Social Nossa Senhora do Parto. E que, nesta nova gravidez, tem podido contar outra vez com a Instituição:

— Eu não queria ter minha neném. Queria tirar. Mas uma amiga me indicou ir à psicóloga que atende lá e aí eu entendi que não tenho o direito de tirar uma vida. Quero trabalhar e dar uma situação melhor para os meus filhos. É um momento único receber um filho nos braços. É uma grande bênção! 

Olho pra minha filha e vejo nela uma grande amiga, hoje. É a minha companheirinha, comemorou.

O Centro Social Nossa Senhora do Parto, no Centro do Rio, presta atendimento social, psicológico, jurídico e espiritual a mulheres gestantes em situações de risco social.